Uma das maneiras de se analisar as tendências da indústria de Fundos de Investimento é observando a participação das Classes no Patrimônio Líquido (PL) total dos Fundos.

Ou seja, para deixar mais claro, qual o peso dos Fundos de Renda Fixa na indústria como um todo? E o dos Multimercados?

Responder a essas perguntas, é claro, não define de maneira única as tendências para esses ativos daqui em diante; isto é: não nos diz quais irão “bombar” no mercado e quais tendem a ver uma diminuição em sua participação e nos investimentos.

Porém, é inegável, essa visão pode nos dar um bom ponto de partida.

Assim, a fim de elucidar essa questão, nós, da Levante Advice, trazemos este artigo para você, investidor.

Aqui, daremos um panorama da indústria de Fundos de Investimento nos últimos tempos, assim como traçaremos, no limite do possível, algumas tendências que vêm se desenhando.

Boa leitura!

Uma visão geral do PL da indústria de Fundos no Brasil

De acordo com o último dado divulgado pela Anbima sobre o tema (no Consolidado Histórico de fevereiro de 2021), os Fundos de Investimento acumulam um PL próximo a R$ 6,158 trilhões, um crescimento de 1,64% em relação a dezembro de 2020 e de 31,71% em relação a dezembro de 2018.

Vale ressaltar que tomaremos como base de comparação, também, os dados de 2018, dado que este foi o ano em que, de maneira geral, os investimentos no Brasil começaram a pegar tração da parte dos investidores pessoa física.

Voltando, na parte das Classes com maior participação no PL geral da indústria, temos a de Renda Fixa na primeira colocação atualmente, com R$ 2,255 trilhões em fevereiro e participação de 36,62% no geral, a qual já foi consideravelmente maior, de 44% em 2018 – aqui, uma possível tendência se desenha à nossa frente.

Na sequência, encontram-se, atualmente:

  • Os Fundos Multimercado, com participação de 23,52%;

  • Os Fundos de Previdência, com 16,37%;

  • Os Fundos de Ações, com 9,76%;

  • Os FIPs, com 6,18%;

  • Os FIDCs, com 3,09%;

  • Os FIIs, com 2,76%

  • Os Fundos Off-shores, com 1,00%;

  • Os ETFs, com 0,58%; e

  • Os Cambiais, com 0,11%.

Nenhuma novidade até então. Ou, pelo menos, nenhuma novidade aparente.

Quando olhamos ao crescimento interno do PL das Classes, começamos a ver algumas tendências importantes.

Tendências de crescimento – PL das Classes de Fundos

É fato que a participação dos Fundos de Renda Fixa é a maior – e isso vem ocorrendo desde praticamente o início da indústria no Brasil.

Porém, quando pegamos os dados de crescimento do PL das Classes de dezembro de 2018 até fevereiro deste ano em uma comparação interna, o jogo se inverte: nesse caso, os Fundos de Renda Fixa são o que menos apresentaram crescimento.

De lá para cá, eles obtiveram um avanço de 10,31%, passando de R$ 2,044 tri. para R$ 2,255.

Já no caso de outras duas Classes com participações relevantes no volume geral, a dos Fundos de Ações e a dos Multimercados, o crescimento foi muito maior. No período, respectivamente, essas Classes vislumbraram crescimentos de 96,46% e de 48,68%.

Assim, com esses exemplos – e, é claro, somando-se à equação outros fatores –, vê-se como os Fundos de Ações e os Fundos Multimercados, desde o “boom” dos investidores pessoa física na Bolsa de Valores, cresceram seus PLs acompanhando esse movimento, alcançando maior popularidade e representatividade.

O caso dos FIAs (Fundos de Investimento em Ações) é ainda mais representativo: a Classe quase dobrou o seu Patrimônio Líquido em pouco mais de 2 anos, na mesma linha da popularização das ações.

A tendência, portanto, é que esse movimento continue a acontecer.

Os investimentos em Renda Fixa não perderão espaço na carteira dos investidores; entretanto, mesmo diante de uma Selic “subindo” até 2022, no mínimo, esse tipo de aplicação, que deveria voltar a ser mais cobiçado (como era antes), não tende a crescer de maneira muito expressiva.

Isso, pois os investidores brasileiros começaram a perceber que investir em ações e em Fundos desse tipo (ou naqueles mais focados em renda variável) é uma opção, muitas vezes, mais viável de se obter maiores ganhos – e com um risco não tão grande, quando se consegue equilibrá-lo com uma diversificação efetiva.

O mesmo vale para os Fundos Multimercado, que vêm vislumbrando um crescimento de peso nos últimos tempos, por conta de sua flexibilidade na hora das alocações e de sua alta possibilidade de diversificação.

Por fim, outro fator importante a ser observado é o crescimento dos ETFs no período relatado acima. A Classe teve um avanço de expressivos 213%. E não é só nos dados que se observa esse avanço, pois, recentemente, diversos ETFs têm sido lançados aos investidores, como é o caso do HASH11, com foco em criptomoedas.

Abaixo, segue o crescimento do PL das Classes de dez./18 até fev/21 – em ordem decrescente:

  • ETFs: 213%;

  • FIIs: 106%;

  • Ações: 96%;

  • FIPs: 58%;

  • Fundos Cambiais: 57%;

  • FIDCs: 53%;

  • Multimercados: 48%;

  • Off-shore: 45%;

  • Previdência: 24%;

  • Renda Fixa: 10%.

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