A situação atual da economia brasileira é, no mínimo, de incerteza. Alguns fatores, como a eficiência no combate à pandemia, precisam entrar “no eixo” para que possamos ter dias mais tranquilos em nosso mercado.

Por outro lado, os EUA seguem firmes na vacinação e com estímulos fiscais a rodo, com seis pacotes – totalizando, até o dado momento, US$ 5,3 trilhões –, e a Europa, apesar de a passos lentos, também avança.

Nesse contexto, gestores de Fundos de Investimento se viram – e veem – em uma situação delicada, onde a escolha e o peso do mercado no portfólio pesa tanto quanto o próprio ativo. Diversos, com o próprio Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, optaram por aumentar suas posições no exterior, visando à captação de oportunidades globais.

A SPX, gestora de Rogério Xavier com longa história no mercado brasileiro e reconhecida pelo tom mais “pessimista” com que olha para a nossa situação, em sua Carta de Gestão macro de março, apontou diversos pontos relativos às complicações atuais da nossa economia e que merecem a devida atenção.

Além disso, os gestores da SPX também aumentaram posições no exterior durante o mês e reduziram parte das que possuem na Bolsa brasileira, mostrando “na prática” o já citado tom.

Para a gestora: “O Brasil é um exemplo extremo de país cujas fragilidades são colocadas a teste, e com resultados bastante insatisfatórios.” Desequilíbrios fiscal e monetário, má gestão no combate à pandemia e na resolução da crise de saúde, orçamento limitado; no cenário macro, esses são alguns pontos de destaque ressaltados pela SPX em sua Carta.

No Brasil, “os desequilíbrios fiscal e monetário tornam ainda mais difícil a administração da crise sanitária. Após um início de ano no qual a atividade econômica surpreendeu positivamente, as novas variantes e a gestão desorganizada da pandemia resultaram em uma nova onda de casos de Covid ainda mais severa do que as anteriores. A emergência de saúde levou a novas restrições de mobilidade, com impacto importante na atividade e intensificação da pressão por apoio fiscal”, afirmou a gestora.

E, mesmo que resolvamos a situação da crise sanitária e da pandemia, por meio de medidas de restrição e vacinação, como vem sendo realizado no exterior, ainda poderemos sofrer danos irremediáveis em nossa política econômica, coloca a gestora logo na sequência.

Ainda em relação à nossa economia, a gestora ressalta que o controle inflacionário, por parte do BC, pode não ser suficiente. Nas palavras da SPX: “Um ambiente de aceleração da inflação global e aperto das condições financeiras pode ser o estopim que faltava para uma crise que o Brasil precisará enfrentar com ferramentas fiscais e monetárias muito limitadas.”

Já uma parcela do cenário internacional, principalmente os EUA, passa por um momento bem diferente no tocante ao combate à pandemia, à situação fiscal, à retomada da economia, entre outros pontos.

O mercado norte-americano, diante de uma situação de auxílios e pacotes de estímulo e combate eficiente à pandemia, tende a vislumbrar uma recuperação econômica bastante consistente. De acordo com a SPX, sobre o cenário dos EUA, a combinação “de uma população com recursos disponíveis e uma campanha de vacinação de sucesso são os ingredientes de um boom”. Além disso, “as limitadas opções de consumo e as transferências governamentais fizeram com que as famílias americanas acumulassem uma poupança de 13% da renda disponível”, diz a gestora.

Ou seja, por lá, além de se sentirem confortáveis e seguras na reabertura, as pessoas também têm dinheiro para gastar nesse processo. Um cenário, sem dúvidas, positivo.

Porém, daqui em diante, como ressalta a gestora, economias emergentes, como é o caso da brasileira, podem passar por momentos complicados por conta do contexto global da economia. Isso, pois “a nova estratégia fiscal e monetária dos Estados Unidos deve resultar em um equilíbrio de inflação e taxas de juros mais elevadas no futuro. O mundo não parece estar preparado para isso. [...] Os desequilíbrios fiscais e monetários de muitos países emergentes, antes mascarados por condições financeiras globais artificialmente frouxas, estão sendo colocados em evidência”, segundo a SPX.

Por fim, nesse contexto, entram as mudanças de posição e alocação realizadas pela gestora – e que foram relatadas no início desta matéria. Ela ainda segue investida na Bolsa brasileira (em setores de consumo, de mineração e de serviços financeiros), mas reduziu suas alocações comprada.

No cenário interior, a SPX, no mês de março, aumentou a sua alocação comprada em Europa, que também segue em uma tendência de recuperação econômica. Nos EUA, houve uma redução na exposição direcional que a gestora tem no mercado norte-americano e um aumento na posição relativa entre empresas que se beneficiam contra aquelas que se prejudicam da proposta de aumento de impostos corporativos.

No mês, o PX Nimitz rendeu 2,57%. No mesmo período, o CDI teve ganho de 0,20%.

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