A S&P Global Ratings reafirmou as notas de créditos do Brasil de longo e curto prazo em moeda estrangeira e local em "BB-/B" e manteve perspectiva estável. A agência também preservou o rating em escala nacional em "BrAAA" e a avaliação de convertibilidade e transferência em "BB+".

Em comunicado, a instituição justifica a decisão com a expectativa de que a implementação de um ajuste fiscal e a "modesta recuperação econômica" do País serão suficientes para assegurar a confiança dos mercados e condições adequadas de financiamento para o governo, apesar do crescente endividamento. Mas faz alertas: "Brasil pode ter avaliações mais baixas se compromisso da classe política com fiscal diminuir", destaca a nota. "Entrando em 2021, enquanto a atividade se recupera gradualmente, o Brasil enfrenta o desafio significativo de redução das medidas de estímulo fiscal implementadas este ano".

Pelas estimativas da agência, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrará contração de 4,7% em 2020, mas avanço de 3,1% esperado para o ano que vem, "embora a retirada do estímulo fiscal crie incertezas". "Esperamos uma recuperação sustentada, embora moderada, do investimento privado nos próximos trimestres por conta da política monetária expansionista, a Selic em nível mínimo recorde de 2% e um forte aumento na capacidade utilização de acordo com pesquisas recentes", explica.

A S&P Global Ratings entende que a aprovação de reformas macroeconômicas em diversos setores e um amplo programa de concessões são positivos para investimentos. De acordo com a agência, o Brasil enfrenta perspectivas de crescimento mais fracas do que países em estágio semelhante de desenvolvimento.

"Esperamos PIB per capita de US$ 6.513 para 2020. Elevar o crescimento do PIB de longo prazo do País depende de reformas para aumentar a produtividade e o investimento privado, como uma simplificação das pesadas regras fiscais do Brasil", destaca a agência, dizendo que esse tema está "estágio avançado" no Congresso.

A análise ressalta que o governo do presidente Jair Bolsonaro demonstrou compromisso com a agenda reformista, mas que a falta de uma coalizão no Legislativo e o resultado das eleições municipais representam desafios nesse sentido. Também projeta que a dívida líquida deve avançar a 16% do PIB em 2020, antes de ceder para 8% em 2021. "O déficit fiscal vai aumentar a carga da dívida líquida do governo para cerca de 76% do PIB em final de 2021, chegando a quase 80% do PIB em 2023", prevê.

Em relação à posição externa, a S&P vê o País em situação resiliente, com o real sendo ativamente negociado no mercado internacional. "O País tem estado em uma estreita posição externa desde 2016, como resultado de um limitado endividamento externo público e privado, combinado com um grande estoque de reservas internacionais", pontua.

Por André Marinho

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