A gestora Garde, em sua Carta de Gestão de Março, trouxe uma análise de diversos fatores que impactaram os mercados até agora e, mais ainda, que farão peso sobre a nossa economia e os ativos à frente.

Dentre esses fatores, como a questão da inflação e dos juros, encontra-se um ponto de extrema importância: o futuro da agenda econômica (e política) do atual governo.

Inicialmente liberal, bastante positiva para os mercados, no momento atual, diante dos desafios que se desenham – baixo grau de vacinação, orçamento limitado etc. –, o governo parece adotar uma postura mista em relação à sua agenda. Uma “Agenda Nem-Nem”, segundo a Garde, que possui gestores de renome no mercado, como Carlos Calabresi e Marcio Georgetti.

De acordo com a gestora: “Acreditamos que a agenda que teremos à frente será a ‘Agenda NemNem’, o que significa que nem será uma agenda liberal, nem desenvolvimentista, tendo características para os dois lados a depender de qual parte da agenda estiver sendo analisanda.”

Apesar de haver uma tendência para uma postura “mais intervencionista nas empresas estatais e agências reguladoras”, a gestora vê “bons avanços na agenda micro (marcos setoriais e autonomia do BC), assim como em concessões de infraestrutura”.

Em estudo sobre os principais itens da agenda liberal proposta pela equipe econômica no início do mandato, a gestora delimitou sobre quais passos se encontram pautas e afins importantes para a economia brasileira:

OuGarde - Pautas da Agenda

Fonte: Carta de Março da Garde.

A questão da “Privatização”, como se vê acima, para a Garde, encontra-se sobre dúvida, principalmente após o acontecimento com a Petrobras e as indicações de Bolsonaro acerca de intervenção em empresas estatais.

Inegavelmente, esse tom de “dúvida” que ronda essas empresas teve influência sobre suas ações na Bolsa de Valores – basta vermos os impactos sofridos por PETR4, por exemplo, que, antes do ocorrido, encontrava-se no patamar de R$ 29,00 e, atualmente, está cotada a R$ 21,00.

Outras questões, como as Reformas Fiscais e Tributária, além da Abertura Comercial, parecem, de acordo com a gestora, secundárias atualmente. Reformas como essas, importantes para o mercado do nosso País, assim como para a economia como um todo, entraram em segundo plano diante da pandemia e de suas consequências. Porém, elas não saem do jogo.

Para a Garde, entretanto, o principal fator ao qual se deve prestar atenção é a vacinação. Como afirma, “a evolução da pandemia deva ser acompanhada com muita atenção, podendo resultar em deterioração adicional e significativa do cenário fiscal.” Mas não só nele. Como também pontua a gestora, a retomada das atividades é outro fator essencial, e “os apertos das restrições sociais oriundos de uma possível piora da pandemia poderão impactar negativamente a atividade à frente”.

Já no caso da Alaska, gestora que possui Henrique Bredda como principal nome da Gestão, em sua Carta de Gestão de Fevereiro, a extensão do auxílio emergencial merece atenção e vem influenciando o mercado. Segundo a gestora: “Apesar do resultado das eleições para presidência do Senado e da Câmara ter sido bem recebido pelos participantes do mercado, a extensão do auxílio emergencial, dado como certa já, sem uma contrapartida definida nos gastos públicos tem sido a principal fonte de preocupação do mercado.”

Vale destacar, também, o posicionamento da Garde sobre a questão do câmbio. Para a gestora, “a taxa de câmbio tem encontrado dificuldade de se estabilizar, seja pelos enormes riscos fiscais, seja pelo ambiente doméstico de taxa de juro real negativa. Dessa maneira, temos visto uma má performance relativa do Real contra seus pares [...] e não vislumbramos mudança na dinâmica do ativo no curto prazo”. Ainda mais, nesta semana, com a possibilidade de elegibilidade do Lula, ex-Presidente petista, pode haver uma tendência de a instabilidade na relação entre a moeda brasileira e o dólar aumentar, com uma subida da segunda sobre a primeira. 


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