O ano que começou com uma perspectiva mais otimista em razão do início do processo de vacinação contra a pandemia de coronavírus se encaminha para encerrar em meio a inúmeras incertezas. A chegada meteórica da nova variante Ômicron e o processo de retirada de estímulos do banco central americano são os principais pontos destacados por gestores de fundos de investimento em suas mais recentes cartas de gestão.

A chegada da variante Ômicron, sobre a qual ainda não sabemos com convicção seus possíveis efeitos, foi um balde de água fria para o mundo. A cepa se espalha pelos países em ritmo acelerado, representando nos Estados Unidos, por exemplo, 73% dos novos casos da doença. No Velho Continente, o cenário também é de preocupação. Na Holanda, o governo já retomou medidas de lockdown para frear a nova onda de contaminação, com outros países adotando novas medidas de restrições neste fim de 2021, cancelando algumas festividades.

Em contrapartida ao temor internacional, a gestora Gauss ressalva que restrições à mobilidade já vinham sendo adotadas em alguns países europeus antes do surgimento da Ômicron. Apesar da falta de dados para saber o tamanho do impacto na retomada da atividade global, a Gauss vê sinais otimistas e caracteriza os eventos recentes como “oportunidades”.

“A maior parte dos hospitalizados na África do Sul são pessoas não-vacinadas, e caso essa variante prove-se menos fatal do que aquelas que a precederam nas próximas semanas, seu maior grau de contágio pode significar uma redução do tempo para que o mundo atinja imunidade de rebanho”, destacou a gestora.

Neste sentido, a primeira resposta necessária para saber o tamanho do impacto da variante é sobre sua letalidade e quanto os novos casos podem pressionar os sistemas de saúde. Em outras palavras, essa questão pode determinar o quão restritivas as medidas de distanciamento e os lockdowns precisam ser e o hiato necessário na retomada das atividades econômicas.

Para a gestora Vinland, as vacinas serão determinantes nesse cenário, pois “se elas [as vacinas atuais] conseguirem ser efetivas em pelo menos evitar um grau severo da doença (mesmo perdendo eficácia em proteger da contaminação), a hospitalização não subiria muito. Logo, não haveria grande alteração no cenário”.

Momento de redução de estímulo?

Outro debate que esquentou após a descoberta da nova variante é sobre a redução das compras de ativos por parte do banco central americano, o Federal Reserve. O Fed já havia dado indícios de que o processo de retirada de estímulos iria começar e seria gradual.

Com a economia americana apresentando números sólidos de crescimento e o mercado de trabalho se recuperando, a inflação mais persistente passou a tirar o sono dos especialistas de mercado. A partir deste cenário, membros do Fed passaram a demonstrar maiores preocupações com o grau de estímulo na economia.

O debate sobre os altos níveis de inflação transcendeu o BC dos EUA e passou a ser tópico constante de discussão na mídia americana, bem como entre os membros do próprio governo Joe Biden. Para a opinião da gestora SPX, o Fed iniciará o processo de alta de juros a partir do 1º trimestre de 2022, chegando a um total de 4 altas no ano.

Atualmente, o grande dilema acerca do tema é se os bancos centrais estão indo na direção certa ao combater a inflação, sacrificando o crescimento em um momento de alta de casos do coronavírus. Na outra esfera, outro questionamento é se as restrições para combater a Ômicron podem elevar a inflação. O entendimento da casa de gestão Vinland é que, nas condições atuais, não há necessidade de qualquer estímulo monetário.

Como dito anteriormente, o cenário do fim de 2021 para o início de 2022 é de muitas incertezas. Ao que tudo indica, nem a chegada da nova cepa foi capaz de fazer o Fed repensar sua proposta de remoção de estímulos. Na verdade, pelo contrário, recentemente vimos a instituição retirar o termo “transitório” para classificar a inflação, acelerando a retirada de estímulos que devem terminar em março de 2022.

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