O mês de abril mostrou, mais uma vez, como o mercado internacional vem influenciando a Bolsa e os ativos brasileiros, mesmo em meio a uma certa “estagnação” da nossa retomada, que caminha, mas a passos lentos em comparação ao que vemos em países como os EUA.
Ciclo da commodities, alta liquidez global, crescimento do preço do minério de ferro, retomada chinesa, vacinação avançada em diversos países, mercados retomando fortemente; esses são alguns dos fatores que vêm puxando o nosso mercado.
Mas, como tudo na vida, há sempre dois lados.
É nessa linha que veio a Carta do Fundo Verde (FIC FIM) de abril, o qual tem como principal nome o do renomado gestor Luis Stuhlberger.
O Verde alcançou uma rentabilidade de 1,20% no mês. No ano, o retorno é de 3,14% (em média).
Para o Fundo: “O avanço da vacinação nos países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e Europa, combinado com políticas fiscais e monetárias estimulativas, tem levado os mercados acionários a se apreciarem, e as pressões inflacionárias a surgirem numa variedade de cadeias de suprimento.”
É justamente essa pressão inflacionária que vem fazendo com que o Banco Central (BC) tenha uma postura mais rígida em relação à Selic, a taxa básica de juros da nossa economia, tendo a aumentado na última reunião, para 3,50%, e com previsão de realizar novos aumentos durante este ano.
E essa situação, não apenas a brasileira, tende, para o Verde, a não mudar tão rapidamente. “Passado o pico das reaberturas no verão do hemisfério Norte, esperamos algum arrefecimento, mas em linhas gerais as taxas de juros longas dos mercados desenvolvidos devem continuar sob pressão por mais tempo”, afirmou o Verde na Carta.
É nesse contexto que o Fundo visualiza os preços das ações já refletindo um bom grau de otimismo. Por isso, o Verde reduziu exposição nesse book.
Em relação à situação do Brasil, chegamos, enfim, aos dois lados da moeda citado acima.
Ao mesmo tempo em que estamos sendo “alavancados”, ou melhor, “impulsionados” por mercados internacionais e pelo panorama macroeconômico, temos também diversos entraves internos – que levam a um aumento da inflação e, consequentemente, dos juros.
Como diz o Fundo, "O Brasil, em meio a esse pano de fundo, vive uma espécie trágica de dia da marmota". E completa: “As pressões fiscais [no Brasil] não arrefecem dada a liderança presidencial dúbia sobre o tema; as pressões inflacionárias refletem a alta do preço das commodities e o câmbio fraco; o Banco Central vai sendo empurrado pelo mercado para uma postura dura de política monetária (como foi empurrado ano passado para uma postura ultra-dovish), ignorando o desafio de financiar a dívida pública nas taxas de juros que a curva futura indica.”
Ao final, a postura do Verde mantém-se, apesar de diante de uma melhora no mercado, cética com o nosso mercado local. “Navegar os mercados locais vem sendo uma odisseia extremamente complexa e nada indica que vai melhorar”, completa o Fundo.