Na segunda-feira (29), o desempenho do setor financeiro chamou atenção do ponto de vista negativo, com desempenho abaixo do índice Dow Jones. Enquanto o primeiro recuou 1%, considerando-se os índices setoriais, o segundo avançou 0,3%.

O motivo foi a maior percepção de risco associada às ações dos grandes bancos, após um Fundo de Investimento Alavancado, o Archegos, ter chamadas de margem para fechar posições em ações chinesas e em algumas posições específicas no mercado americano.

Como exemplo de grandes bancos que sofreram com esse movimento, temos o Credit Suisse Group (CS) e o Nomura Holdings (NMR), instituições que atuavam de maneira direta com o Fundo e que, por isso, estavam – e ainda estão – suscetíveis a perdas com a operação.

As ações do Credit Suisse e do Nomura fecharam em queda de, aproximadamente, 11,5% e 14,07%, respectivamente, considerando-se as suas listagens na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE).

Nesta terça-feira (30), uma novidade tomou conta dos mercados. Surgiu a notícia de que o Fundo se reuniu com todas as corretoras/bancos em que ele operava, a incluir, além dos bancos citados acima, o Goldman Sachs, o Morgan Stanley, o UBS e o Deutsche Bank, para coordenar uma estratégia de venda das posições que limitasse o potencial de perdas para todos.

Contudo, as informações de mercado são de que alguns dos bancos – curiosamente, os que seriam menos afetados pela quebra do Fundo – começaram a vender de forma antecipada as posições associadas ao Archegos ainda na sexta-feira (26), evidenciando a descoordenação e o insucesso do plano.

Em suma, para explicar o processo, as chamadas de margem são proporcionais ao nível de alavancagem (exposição) e às garantias (volume de ativos) disponibilizadas para cobrir as posições e os eventuais prejuízos.

Assim, à medida que o mercado “vai contra” as operações montadas, a desvalorização dos ativos reduz o nível de garantias, obrigando os intermediários a realizar as tais “chamadas de margem” para reduzir o potencial prejuízo ou, até mesmo, o prejuízo na operação.

Estrago feito: embora seja cedo para contabilizar as perdas com o Archegos, estima-se que ela poderá chegar a US$ 3 bilhões. Isso é suficiente para impactar de forma relevante os resultados de um trimestre dessas instituições.

Antes da abertura dos mercados de hoje, as ações do Credit Suisse (CS) e do Nomura Holdings (NMR) negociavam (no premarket) em nova queda, de aproximadamente 2%. As demais empresas envolvidas (Goldman Sachs, JPMorgan etc.) operam em leve alta. O impacto nos seus resultados, conforme informações, será mínimo.

O Fundo Archegos tinha posição grande em ações chinesas de tecnologia e na ViaComCBS, grupo de mídia que atua nos Estados Unidos. As ações acumulam queda de 30,2% em março. O fechamento de posições aumentou a pressão de vendas nos últimos dias, derrubando ainda mais o preço das ações.

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