O dólar engatou queda nos negócios da tarde, após uma manhã volátil. As moedas emergentes ganharam força nesta terça-feira, 15, no mercado externo, e o real acompanhou este movimento, em dia também de queda da divisa dos Estados Unidos nos países desenvolvidos e recorde histórico do Nasdaq. A entrada de fluxo externo para aplicações na Bolsa brasileira e renda fixa também ajudaram a retirar pressão do câmbio, mesmo persistindo as dúvidas sobre a situação fiscal do Brasil, destacam operadores. No mercado à vista, o dólar fechou em baixa de 0,66%, cotado em R$ 5,0889. No mercado futuro, o dólar para janeiro caiu 0,72%, a R$ 5,0825.

"A incerteza e as preocupações sobre a dinâmica fiscal continua a pesar no real", disse nesta tarde o estrategista de Moedas e Juros em Mercados Emergentes da Ohmresearch Independent Insights, Gautam Jain, em live para comentar a tendência das moedas em 2021. No ano, a moeda brasileira segue com o pior desempenho ante o dólar. O ambiente está e deve seguir favorável a moedas emergentes pela frente, em meio à tendência de o dólar seguir fraco com a alta liquidez internacional, ressaltou. "Se o teto de gastos for mantido, o real pode ter desempenho positivo, acompanhando seus pares. Se não for mantido, o real vai ter performance pior", disse Jain.

A última semana completa de negócios de 2020, antes dos feriados de Natal e Ano Novo, vêm sendo marcada por renovada fraqueza do dólar no mercado internacional, destaca o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Pelo lado americano, o início do processo de vacinação e a crescente perspectiva de um acordo em Washington para votar um pacote fiscal nos próximos dias vem ajudando a estimular a busca por risco, o que faz investidores venderem dólares. Na Europa, a perspectiva de acerto entre Reino Unido e União Europeia para um acordo pós-Brexit está ajudando a enfraquecer ainda mais a moeda americana, porque a libra tem disparado.

Na segunda-feira, o real não se beneficiou deste movimento favorável externo, por conta dos ruídos fiscais. Mas hoje, sem notícias negativas sobre o tema e com a votação da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) mantida para amanhã, o dólar voltou a cair. Na tarde de hoje Jair Bolsonaro voltou a falar da não prorrogação do auxílio emergencial, falando que a medida acaba este mês.

A maioria dos investidores e gestores ouvidos pela Bank of America este mês (69%) ressalta que o maior risco de cauda para 2021 no Brasil é a situação fiscal, ante 63% do levantamento feito em novembro, seguido pelos ruídos políticos (12%). Ao mesmo tempo, investidores estão otimistas com ativos de risco e 69% veem o dólar caindo abaixo de R$ 5,10 até o final de 2021, em meio à busca por ativos de risco.

Contato: altamiro.junior@estadao.com

Por Altamiro Silva Junior

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