O dólar teve novo dia de volatilidade, chegando a cair a R$ 5,08 pela manhã. Mas nos negócios da tarde, firmou alta, encostando em R$ 5,20, com o aumento do pessimismo sobre um acordo em Washington para garantir a aprovação de um pacote fiscal nos Estados Unidos e ainda a elevação dos ruídos políticos no mercado doméstico. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não poupou críticas ao governo na tarde de hoje e disse que providenciará um bolo para comemorar um ano sem votação da PEC Emergencial, projeto do qual afirmou não ter visto ainda nem o texto e nem programação do Planalto para a votação. Ajudado pelos ruídos políticos, o real voltou a ser a moeda com pior desempenho no exterior, em uma lista de 34 divisas internacionais mais líquidas.

Com a piora externa hoje, após o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, falar que a postura dos democratas na negociação é "esquizofrênica", operadores relataram diminuição de entrada de fluxo externo ao Brasil, em meio a fuga do risco pelos investidores. Assim, ajudou a pressionar ainda mais o câmbio, em um momento de aumento da demanda por dólar à vista para remessas de juros e dividendos ao exterior por empresas e fundos.

No final do dia, o dólar terminou em alta de 0,87% no mercado à vista, cotado em R$ 5,1722. No mercado futuro, o dólar para janeiro fechou com ganho de 1,07%, cotado em R$ 5,1715.

Na questão fiscal, Maia voltou a negar hoje a prorrogação do estado de calamidade e do orçamento de guerra, mas nas mesas de operação o clima é de mais ceticismo após as notícias desencontradas esta semana sobre a PEC Emergencial. Para o economista da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho, o dólar só vai ficar de forma sustentada abaixo dos R$ 5,30 na medida em que as "pendências fiscais" forem equacionadas. Entretanto, o que se viu até agora sobre a PEC Emergencial, ressalta ele, só ajuda a aumentar a incerteza. Uma minuta do texto mostra, por exemplo, que a medida não incluiria redução de salários, desindexação e desvinculação orçamentária.

No exterior, no começo dos negócios havia mais otimismo em torno da aprovação de um pacote nos EUA, embora pontos de divergência persistiam entre os republicanos e democratas, destaca a economista-chefe da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza. Entre estes pontos, estavam a motivação de um pacote de socorro ao setor aéreo com recursos públicos e ainda limitações para fundos de pensão de estados que recebam recursos do pacote, destaca ela. Mas o clima azedou com o andamento dos negócios e o índice DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, passou a subir no meio da tarde.

Por Altamiro Silva Junior

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