As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta quarta-feira, 11, sem direção única, ainda influenciadas pelo ajuste de posições relacionado à melhora das perspectivas para uma vacina contra a covid-19. Por um lado, as ações de empresas de tecnologia, que haviam sido pressionadas nos últimos dias, recuperaram parte das perdas e impulsionaram os índices acionários Nasdaq e S&P 500. De outro, papéis mais ligados a uma retomada da economia, como o da Boeing, que tinham se valorizado, devolveram alguns ganhos e pressionaram o Dow Jones.
No fechamento, o Dow Jones registrou queda de 0,08%, a 29.397,63 pontos, o S&P 500 avançou 0,77%, a 3.572,66 pontos, e o Nasdaq subiu 2,01%, para 11.786,43 pontos.
Novas notícias sobre vacinas experimentais contra a covid-19 surgiram nesta quarta. A Pfizer e a BioNTech confirmaram um acordo para fornecer até 300 milhões de doses de vacina à União Europeia. Segundo dados divulgados na segunda-feira, 9, o imunizante desenvolvido pelas duas farmacêuticas apresentou eficácia de 90%.
A Rússia, por sua vez, anunciou que sua vacina experimental para o coronavírus, conhecida como Sputnik V, produziu resultados similares, com 92% de eficácia. De acordo com a Reuters, dados sobre o imunizante da Moderna também devem sair neste mês. O papel da farmacêutica subiu 8,40%.
No entanto, ações de empresas que se beneficiariam de uma retomada econômica maior, como as do setor de aviação, devolveram alguns ganhos que haviam acumulado na esteira do anúncio da Pfizer e da BioNTech. No S&P 500, os subíndices de materiais (-1,37%), industrial (-0,88%) e de energia (-0,84%) lideraram as perdas. O papel da Boeing, por sua vez, recuou 3,47%.
O setor de tecnologia, por outro lado, subiu 2,41% no S&P 500. As ações da Apple, da Amazon e do Facebook avançaram 3,04%, 3,37% e 1,49%, respectivamente. Essas empresas foram penalizadas pelos investidores nos últimos dias, já que haviam sido as mais favorecidas pelo confinamento gerado pela pandemia.
Com a perspectiva da vacina, o Goldman Sachs passou a projetar que o S&P 500 chegue a 3.700 pontos no final de 2020. Outro banco americano, o JPMorgan, já havia alterado suas estimativas, passando a prever que o índice acionário alcançará os 4.000 pontos no início de 2021.
Em Washington, os investidores continuam acompanhando a transição de governo, embora o presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não tenha reconhecido a derrota na eleição para o presidente eleito, Joe Biden.
"Por enquanto, os mercados estão satisfeitos em ignorar o teatro de Washington, mas quanto mais tempo o impasse durar, maior será a chance de uma verdadeira crise constitucional que pode começar a pesar no sentimento dos investidores", alerta o analista Boris Schlossberg, da BK Asset Management. "Combinado com o aumento da contagem de hospitalizações por covid, que podem estressar o sistema de saúde ao limite, os dois fatores podem criar uma reversão brusca na recuperação das ações conforme nos aproximamos do final do ano", acrescenta.
Por Iander Porcella