Com a piora em Nova York na reta de chegada, mesmo contando desde cedo com a notícia positiva sobre a vacina da Pfizer - eficácia de 95% nos resultados finais -, o Ibovespa interrompeu série de três avanços que o havia recolocado em níveis do fim de fevereiro. No ajuste desta quarta-feira, 18, acentuado perto do encerramento dos negócios, o índice da B3 cedeu a marca de 107 mil pontos, que havia sido reconquistada ontem.

Ainda assim, a sequência desta semana, com o Ibovespa acima dos 106 mil nas últimas três sessões, é a melhor desde que o índice passou abruptamente dos 113.681,42 pontos, na sexta-feira pré-carnaval, para 105.718,29 pontos na quarta-feira de cinzas, quando, com perda de 7% naquele dia, o novo coronavírus assumiu o protagonismo de 2020.

Hoje, o Ibovespa fechou em baixa de 1,05%, aos 106.119,09 pontos, tendo oscilado entre 106.043,35 e 107.467,25 pontos da mínima à máxima, uma variação até que comportada para um dia de vencimento de opções sobre o índice, com giro financeiro a R$ 48,4 bilhões - relativamente acomodado após ter chegado a superar a marca de R$ 50 bilhões nesta e na semana passada, em duas sessões.

No ponto alto, o volume foi a R$ 54,3 bilhões na última segunda-feira, quando os estrangeiros aportaram R$ 4,891 bilhões no mercado à vista, de acordo com dados da B3 - foi o segundo maior, em termos nominais (sem correção pela inflação), da série de dados diários compilada pelo Broadcast desde 2007. Em termos mensais, a entrada chega a R$ 22,659 bilhões em novembro, o maior nível da série mensal, que retrocede a 1995.

"O Ibovespa ainda está muito próximo da faixa de 109 mil pontos, que podemos dizer que foi o último suspiro do mercado antes de afundar até 70 mil pontos. Ou seja, estamos próximos de uma resistência forte no curto prazo. De qualquer forma, a tendência de alta segue firme - e contra fluxo, não há argumento", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Na semana, o Ibovespa ainda acumula ganho de 1,33%, em alta de 12,95% em novembro, que coloca as perdas do ano a 8,24%.

Movidas pelo retorno dos estrangeiros à B3 e pela recuperação dos preços da commodity, as ações da Petrobras se mantinham em terreno positivo nesta quarta-feira, mas ao final a PN mostrava perda de 0,59%, com a ON em leve alta de 0,12% no fechamento, enquanto Vale ON cedia 0,78%. Outro peso-pesado do Ibovespa, o segmento de bancos também teve desempenho majoritariamente negativo nesta quarta-feira, após ter acumulado ganho que se aproximava de 25% (Bradesco PN) no mês. Exceção foi Banco do Brasil ON, em alta de 0,23% no fechamento de hoje - no mês, dentre as ações dos maiores bancos, foi a que andou menos até aqui, em alta de 15,62% em novembro.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, Cogna fechou em alta de 5,34%, seguida por Yduqs (+5,32%) e Azul (+4,41%). No lado oposto, Iguatemi cedeu 4,31%, à frente de Multiplan (-4,20%) e Cyrela (-4,18%).

No Brasil, passado o segundo turno das eleições municipais, a expectativa se voltará nas próximas semanas não apenas para as definições fiscais sobre o próximo ano, quanto ao Orçamento e o Renda Cidadã, mas também para a evolução da pandemia, que tem dado sinais de retomada após semanas de queda sustentada nas médias móveis. O recente repique da covid-19 desperta temores de que o País precisará seguir o caminho observado na Europa e em menor medida nos EUA, com a retomada do distanciamento social.

Por Luís Eduardo Leal

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